sexta-feira, 11 de outubro de 2013

leituras e outras conversas: Irmão Lobo



Acabei de ler o livro Irmão Lobo há, pelo menos três meses. Tem estado, desde então, sossegadamente pousado na minha mesa-de-cabeceira. Em parte porque me estava a custar deixá-lo sair para o arrumar numa estante, onde ficaria sempre um pouco mais longe. Em parte porque queria escrever sobre ele e não sabia como.

O livro é muito muito bom. A história que conta prende-nos a atenção e chocalha-nos a consciência. E a forma como é contada carrega um equilíbrio admirável entre aquilo que são as confusões e o ensimesmamento próprios da juventude e a ausência de paternalismo e discurso pedagógico.

Como leitora e parte de uma faixa etária umas décadas à frente, este livro não me é destinado. Ainda assim, acabei por construir uma grande empatia com uma cachopa que é atirada para situações que não controla nem compreende, ou talvez compreenda mas não consegue assimilar completamente, que sofre desilusões e perdas que não sabe como sarar, ao mesmo tempo que se prende à crença de que um dia, crescendo, as coisas possam vir a fazer sentido.

Independentemente das décadas à frente, sinto-me, muitas vezes (muitas muitas vezes) atirada para imbróglios que não controlo nem compreendo, ou talvez compreenda mas não sei gerir. E pergunto, frequentemente, se as coisas alguma vez chegarão a fazer sentido.

Por agora Irmão Lobo continuará a morar na mesa-de-cabeceira. Um dia, eu crescendo, se verá. 
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Bibliografia:
Irmão Lobo 
texto de Carla Maia de Almeida | ilustração de António Jorge Gonçalves.
Carcavelos: Planeta Tangerina, 
2013.

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