sexta-feira, 19 de abril de 2013

um poema maravilhoso de um amigo maravilhoso


Os livros

Silenciosos quietos pacientes um a um
Irmanados esperam a luz do teu olhar.
São assim os livros: secretos universos:
Intimidades imaginadas do quotidiano
Milenar, tragédias inexperientes – virgens
Antiquíssimas; dramas à espera da luz
Do dia; longínquas memórias ou próximas
Distantes – uma identidade colectiva –; histórias
À esperam de duplos para serem compreendidas;
Outros universos menores e cheios de fascínio
E exotismo a plasmar humanas raízes milenares.

Silenciosos quietos pacientes um a um
Irmanados resignam-se esperançosos
À partilha contigo da sua comum intimidade.

O mais é pó e é pobreza e a riqueza ali
Lado a lado como a sede e a preguiça
À beira da água. A luz e a água são essência
Da vida. São um manancial de luz, os livros! O calor
Há-de secar-te e a sede refrescar-se-á na água
Ou na tinta que ilumina os livros – pacientes quietos
Silenciosos, obedientes amantes que comandam!

– Só falta mesmo o teu agudo olhar a fascinar-se!
Nessa luz irregular do meio-dia, do poente ou do luar
Tomando-te o olhar singular desse momento subtil
– Oiro na sombra onde se inscreve a alma de perfil.

As estrelas que se acendem generosas nos universos
De um livro! A poeira que aspergem sobre ti iluminando-te
O olhar assim tão recolhido vivendo a magia de outro mar!

                                                                                   
José Almeida da Silva | doze.abril.doismileoito
oferecido e dedicado em dezasseis.abril.doismiletreze

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