sexta-feira, 5 de abril de 2013

hoje sonhei com um amigo


hoje sonhei com um amigo meu aquilo que pareceu mais de metade da noite. na verdade devem ter sido alguns segundos ou minutos nas horas perto da madrugada. as horas em que chegam os sonhos malucos. não faço ideia como ou porquê, ele viva no paço dos duques de guimarães que não ficava em guimarães mas aqui no porto e não era dos duques, era dele. e todas as salas, salinhas e salões e quartos e corredores, cozinhas e varandas estavam cheios de estantes altas com todos os livros que alguma vez quis ter na vida e que são muitos. como uma espécie de várias secções de uma enorme e maravilhosa biblioteca que não tinha princípio nem fim. nunca cheguei a perceber porquê, mas ele não era feliz e eu estive durante tempos sem tempo a conversar com ele, os dois escondidos numa salinha com cadeirões de couro com orelhas e mais livros nas estantes e em pilhas no chão em cima das carpetes. entretanto acontecia o que parecia ser um jantar de gala com centenas de pessoas que, para meu espanto, só tinham olhos para os folhos dos reposteiros e das roupas umas das outras, para as carnes e as sobremesas e não chegavam a dar conta dos livros, dos sofás ou da infelicidade do meu querido amigo, a quem queria ajudar sem nenhuma capacidade ou sabedoria. tenho ideia de ter estado a ler poesia em voz alta mas baixinho e de haver um abraço muito muito longo, cheio de mensagens partilhadas e entendidas mas com palavras nenhumas. depois acordei sem provar as sobremesas e passei o dia a trabalhar e a pensar no paço dos duques, na biblioteca, nos sofás de couro com orelhas e no meu amigo. e a querer ter a certeza de que ele é feliz.
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raquel patriarca | cinco.abril.doismiletreze
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